Fonte: Diário Insular | Desporto | Futsal | III Congresso Treinadores de Futsal
|20.JUL.2015
SEGUNDO OS ORGANIZADORES DO
III CONGRESSO DE TREINADORES DE FUTSAL DA ILHA TERCEIRA
Caminho traçado para
a união da modalidade
CONGRESSO. Nuno Vieira, Frederico Cardoso e Carlos Brasil
afirmam que Kitó Ferreira "tocou em problemas de base" do futsal
terceirense
Congresso de Treinadores ganha importância para o futuro do futsal
açoriano. Cooperação e união marcam edição de 2015. Nuno Vieira, Carlos Brasil
e Frederico Cardoso destacam presença de Kitó Ferreira.
LUÍS
ALMEIDA |di
Em
2015 realizou-se a terceira edição. Nuno Vieira, Carlos Brasil e Frederico
Cardoso são os mentores de uma ação de formação de treinadores para
treinadores. Kitó Ferreira, técnico que conduziu o Burinhosa da terceira à
primeira divisão nacional de futsal e, logo no ano de estreia no escalão maior,
colocou a equipa nos play-offs, foi o preletor convidado. O Congresso de
Treinadores de Futsal da Ilha Terceira veio para ficar e, três anos depois, o
evento ganha cada vez maior importância. O balanço é, pois, altamente positivo.
"Este
evento foi criado com o claro objetivo de promover a partilha de conhecimentos
e conceitos entre os treinadores e outros agentes, tendo por base o
desenvolvimento necessário do nosso futsal. As três edições realizadas
foram um sucesso, porque temos conseguido trazer treinadores de referência, que
nos apresentam experiências de níveis competitivos mais elevados. Compete-nos
perceber que este é um momento de reflexão e formação, onde podemos
complementar as nossas ideias e melhorar as nossas competências. Como tal, não
temos dúvidas de que é um evento de muita importância para o futsal nos
Açores", frisa Nuno Vieira, que é também treinador do Matraquilhos Futebol
Clube.
Já
Carlos Brasil orienta a formação da Casa da Ribeira, vencedora da última edição
da Série Açores de Futsal, e garante que o
Congresso de Treinadores marca um novo rumo para a modalidade. Diz que
os técnicos locais "não podem ficar parados", tendo a união como
fator determinante para o futuro do futsal nas ilhas.
Ser
uma ação organizada de treinadores para treinadores é, "em primeiro lugar,
sinal de que não estamos acomodados e pretendemos crescer e evoluir. Uma vez
que as entidades oficiais que deviam organizar não o fazem, não podemos ficar
parados. Temos que deixar de arranjar desculpas e passar a procurar soluções.
Como sentimos essa lacuna, demos este passo. Por outro lado, mostra já
alguma união dos agentes desportivos e isso é o início do rumo que pretendemos
dar ao futsal dos Açores. Ainda não é o que desejamos, mas temos o caminho
traçado para atingi-lo".
Frederico
Cardoso, que também integra os quadros técnicos do Matraquilhos, vê na
organização do Congresso esse ponto de ligação entre todos os agentes
desportivos do futsal: "Os treinadores têm vindo a comparecer, dentro das
suas possibilidades. Existe uma média
de 20 participantes por congresso. No futuro, pretendemos consolidar estes
números e alcançar ainda mais treinadores, porque há quem ainda não tenha
marcado presença e consideramos que todos são importantes. Pretendemos,
também, chegar a técnicos de outras ilhas, tendo como objetivo fazer deste
Congresso uma referência açoriana de formação para treinadores de futsal".
Congresso
pretende
chegar a outras
ilhas dos Açores
APRENDER E APLICAR
Estas
ações têm sido ministradas por treinadores de renome, integrados em realidades
completamente diferentes, desde logo mais evoluídas, quer nos aspetos gerais do
jogo (técnicos e táticos), quer nas vertentes organizativas, diretivas e de
enquadramento técnico. Reduzir estas
diferenças é, também, uma preocupação."Se queremos ser
melhores, temos de ter como referência os melhores (diferente de copiar) e é
essa a linha orientadora que devemos seguir. Não temos dúvidas de que é
possível aplicar na prática muitas (não todas) das ideias que têm sido
apresentadas neste evento. Temos é de ter a capacidade para adaptar",
explica Nuno Vieira.
O
treinador do MFC foca a preleção de Kitó Ferreira, classificando-a de
desafiante e surpreendente. "Sendo um treinador que passou por
diferentes níveis competitivos, mostrou que todos temos problemas que são muito
idênticos, independentemente do nível, pois o futsal vai além do
técnico-tático. Kitó Ferreira mostrou-nos que, juntos, temos de procurar soluções para crescermos e fazermos
crescer a nossa modalidade. O desafio foi lançado e compete-nos agora
dar-lhe seguimento", acrescenta.
Desafio
que passa, ao mesmo tempo, pelo setor da formação. Frederico Cardoso acredita
que o Congresso pode ser importante nesta matéria. "O caminho para que
haja cada vez mais quantidade com qualidade só pode ser o exemplo destes
congressos, onde o grande objetivo é formar treinadores para as diferentes
realidades competitivas. Curiosamente, grande parte dos treinadores que esteve
presente na terceira edição treina escalões de formação. Contudo, é preciso
perceber que, para existir atletas bem formados, apenas as formações de
treinadores não são suficientes. As estruturas sociais, os dirigentes
desportivos e os clubes também são parte fundamental e integrante na formação
desportiva dos atletas em todas as modalidades. Torna-se claro que é necessário haver outros esforços, para além da
formação dos treinadores, para que o desporto tenha cada vez mais atletas em
quantidade e qualidade", opina.
NOVA
SÉRIE AÇORES
A
nova época vai trazer um novo quadro competitivo, com a criação da Série Açores
de Futsal da Segunda Divisão. É uma solução que não agrada ao futsal
terceirense, segundo Carlos Brasil, embora o treinador entenda que é tempo de
"parar com as queixinhas e as desculpas". O aviso é simples: "Está na altura dos adversários
deixarem de ser inimigos. Temos que nos unir".
Para
Carlos Brasil, aumentar o "nível interno" é o ponto de partida
para que a nova Série Açores possa ser mais competitiva. "É nas
dificuldades que se cresce e estou convicto de que o nosso futsal saberá dar
essa resposta. Quem for campeão dará uma resposta cabal no apuramento para
a Primeira Divisão. E aqui temos um exemplo: o Matraquilhos, na primeira vez
que participou na Segunda Divisão, desceu; já este ano, fruto de uma grande
temporada, manteve-se apenas com jogadores açorianos. O caminho faz-se
caminhando e teremos que fazer das dificuldades forças para que a nossa
modalidade na Região possa evoluir", conclui.
CONFERÊNCIA DE KITÓ FERREIRA
Reflexão desafiante
Falar a uma só voz, tendo o futsal como pano de fundo. É esta, muito
resumidamente, a conclusão que os três organizadores do III Congresso de
Treinadores de Futsal da Ilha Terceira retiram da conferência de Kitó Ferreira.
Subordinada ao tema "Reflexão
Desafiante", Nuno Vieira, Carlos Brasil e Frederico Cardoso explicam
que o desafio lançado pelo técnico do Burinhosa prende-se com a importância
do trabalho conjunto em prol da modalidade. "Este Congresso fica
marcado pela forma como foi dirigido, surpreendendo todos os presentes",
referem.
"Este é um ponto que cabe a cada um de nós valorizar e promover junto dos
nossos treinadores, atletas, dirigentes e até sócios e simpatizantes de qualquer
clube. Continuaremos a ser
adversários no jogo, mas, como foi referido, isto é na quadra e na hora do
jogo, onde todos querem ganhar, mas temos de ser uma 'equipa' quando o assunto
for futsal", referem os organizadores.
A frase "vivam
a vida, respirem futsal, sejam felizes", inserida na apresentação de
Kitó Ferreira, reflete "uma forma particular de ser e de estar da pessoa e
do treinador". Segundo os técnicos terceirenses, os três dias de
formação tiveram "a particularidade de tocar em problemas de base do nosso
futsal (Ilha Terceira/Açores) de uma forma clara e frontal, tal como o facto de
sermos fechados e de não sermos unidos (focados no problema e na intriga), o
que atrasa e dificulta a evolução da modalidade".
Segundo Nuno Vieira, o primeiro dia do Congresso "ficou claramente marcado pela
analogia entre a vida e o futsal", em que a "base do sucesso está no
equilíbrio entre o conhecimento do jogo e o valor humano". Para o
desenvolvimento do futsal nos Açores, Kitó Ferreira insistiu na necessidade de
não se ver o adversário como um inimigo. "No fundo, juntos trabalharmos
para o futsal e pelo futsal", resume o treinador do Matraquilhos.
A "Organização Defensiva e Ofensiva" ficou
reservada para o segundo dia, focando-se a importância da "qualidade da interação e cooperação entre treinador, atletas e
vice-versa. A qualidade estrutural e funcional, mas principalmente a
intervenção sobre o trabalho realizado em campo, evidenciaram a importância dos
detalhes que, de uma forma simples, mas eficaz, demonstraram a importância do
papel do treinador na sua intervenção no treino", sustenta Nuno
Vieira.
O terceiro dia debateu a "Evolução ou adaptação
dos jogadores em diferentes escalões competitivos/Mentalidade
Competitiva". "Este dia fica marcado pela expressão 'Ah! É isto que
vocês querem?', aquando da apresentação dos slides sobre o 'Modelo de Jogo CCRD
Burinhosa'. Penso que expõe a forma diferente como este Congresso foi preparado
e dirigido", conclui Nuno Vieira.