sexta-feira, 29 de julho de 2016

"Elogios de Jorge Braz não escondem a descontinuidade territorial"

Fonte: Diário Insular | Desporto | Futsal | 29.JUL.2016

IV EDIÇÃO DO CONGRESSO DE TREINADORES DE FUTSAL DA ILHA TERCEIRA CONTOU COM A PRESENÇA DO SELECIONADOR NACIONAL


Elogios de Jorge Braz não escondem
a descontinuidade territorial


 FORMAÇÃO. Jorge Braz esteve presente na IV edição do Congresso de Treinadores de Futsal

Jorge Braz diz ter encontrado uma "enorme paixão" pelo futsal, mas os organizadores do Congresso lamentam as dificuldades de acesso às competições nacionais.
É uma ação de formação para treinadores organizada por... treinadores. A IV edição do Congresso de Treinadores de Futsal da Ilha Terceira contou com a presença de três dezenas de técnicos locais (também com participações de S. Miguel) e esta "vontade de evoluir" mereceu elogios por parte do selecionador nacional da modalidade.

"Por isso senti quase uma obrigação em estar presente e aceder ao pedido. Esta é a quarta edição do Congresso e os treinadores demonstraram uma grande vontade e interesse, quer em promover esta continuidade, quer na minha presença aqui na ilha Terceira. Isto demonstra a grande paixão pela partilha do conhecimento, pela evolução no conhecimento do jogo e do treino. Poder estar aqui um fim de semana, a conviver no terreno com as pessoas do futsal, é fantástico, é o que nos move e motiva", destacou Jorge Braz, na escola Tomás de Borba, em S. Carlos.

Uma ação de formação que decorreu entre 22 e 24 de julho, com o técnico de Portugal a realçar a importância dos "fundamentos", dos "exercícios simples" e dos "exercícios base" do futsal. Jorge Braz salientou, inclusive, que estes são ensinamentos que devem ser apreendidos ainda nas idades de formação.

"Alguns exercícios foram dirigidos para as etapas iniciais da formação: quais são os fundamentos ofensivos e defensivos da modalidade; quais são os princípios básicos; quais devem ser as prioridades no ensino do jogo. No fundo, perceber as tais questões simples do jogo, fazê-las com qualidade e insistir bastante nestes aspetos nas etapas iniciais da formação é fundamental para se crescer. O futuro não passa por políticas de elite ou de sponsorização, mas essencialmente por fazer um trabalho de qualidade na formação, com políticas de formação adequadas. Esta procura e partilha constante de conhecimento é decisiva", destacou o selecionador.

QUADROS COMPETITIVOS

Certo é que nem tudo são rosas no futsal açoriano. A vontade de evoluir é elogiada por quem veio ensinar e promovida por quem faz da proatividade um conceito de futuro. Nuno Vieira, treinador do Matraquilhos e um dos organizadores do Congresso, afirma que esta evolução deve ser uma preocupação constante, mas não esconde o descontentamento pela forma como o futsal regional, desde a criação da Série Açores de Futsal da 2.ª Divisão, ficou limitado em termos de progressão nas competições nacionais em Portugal.

"Acima de tudo, temos de continuar a prosseguir uma evolução e alimentar essa esperança que temos da continuidade territorial passar do papel para a prática. Apesar das condicionantes que temos sentido, continuamos a ter uma paixão muito grande pelo futsal e sentimos que enquanto agentes não praticantes, nomeadamente os treinadores, temos um papel muito importante na evolução da modalidade. Estas formações são reflexo disto e temos conseguido trazer nomes de referência do futsal nacional para tentarmos perceber o nosso patamar e continuarmos a evoluir", explica Nuno Vieira.

Já Jorge Braz prefere levar a discussão para outros aspetos. "O que encontro são muitas pessoas com uma paixão intrínseca pela modalidade, com vontade de evoluir e isto é o primeiro passo, extremamente significativo para a melhoria. Do ponto de vista dos Açores, é crucial haver cada mais uma ideia global de desenvolvimento, das ilhas todas, das três associações, pois parece-me que há gente com muito interesse e com muita qualidade. Têm existido alguns projetos, de alguns clubes que tem estado nas Taças Nacionais e nas competições nacionais, que comprovam a existência de matéria-prima que necessita de maior oportunidade e de uma visão estratégica de desenvolvimento local, que é um primeiro passo muito importante. Depois, é necessário haver esta ligação e a oportunidade de estarem nas competições nacionais, dentro das dificuldades normais inerentes que existem".

DAR CORDA AOS SAPATOS!

Já na IV edição, o Congresso de Treinadores de Futsal da Ilha Terceira tem sido um espaço privilegiado de aprendizagem para os técnicos locais. Ações de formação que não abundam e que, por isso, "obrigam" os treinadores a serem proativos na busca do conhecimento. É o que nos explica Carlos Brasil, da organização do Congresso:
"Existe a necessidade de nos atualizarmos, de trazermos qualidade e formação ao nosso futsal. Já que não tem existido esta iniciativa por parte de nenhuma entidade, demos nós próprios esse passo. Penso que os resultados estão à vista e a evolução do futsal local tem sido constante. Temos de combater as desculpas e evitar os facilitismos se queremos melhorar. Temos muitos entraves e muitas condicionantes, mas temos tentado combatê-las. Não temos diretamente competição com as séries do continente, mas mesmo assim pretendemos estar preparados para estes desafios".