NUNO VIEIRA, TÉCNICO DE FUTSAL
É fundamental apostar na evolução dos treinadores

"Aquele que se atreve a ensinar, jamais deverá deixar de aprender". Foi nesta perspetiva que participei neste congresso e foi, sem dúvida, mais um bom momento de aprendizagem. Para além da importância dos temas apresentados e da qualidade dos preletores, acima de tudo, a forma detalhada e pormenorizada como a equipa técnica desenvolveu o colóquio, na sua componente teórica e prática, revelou um grande nível de competência e conhecimentos que resultam naquela que é, atualmente, a melhor seleção de futsal no mundo.
A nível do futsal terceirense, tem existido a preocupação de garantir as ferramentas de formação aos treinadores?Pelo conhecimento que tenho, os cursos de treinador, de momento, estão "bloqueados", facto este que é preocupante para a modalidade. Os treinadores são mais do que importantes. São decisivos no desenvolvimento dos atletas, das equipas e, consequentemente, da modalidade. Na minha opinião, a frequência de formações para treinadores, não só os cursos, é escaca e, quando existem, são pouco frequentadas. Constatei uma grande diferença de mentalidade e cultura, levando em linha de conta que a constante partilha de informação e análise conjunta entre os treinadores espanhóis é uma realidade, o que resulta na evolução dos seus princípios de jogo, algo que os diferencia, e muito, dos treinadores locais. Com a organização de workshops mensais, o nível de conhecimento é outro.
Como analisa o nível global de formação dos treinadores terceirenses, nomeadamente aqueles que trabalham junto da formação?O futsal é claramente uma modalidade em crescimento. No entanto, é necessário realçar que, para crescer com sustentabilidade e qualidade, é fundamental focarmo-nos no desenvolvimento dos treinadores, uma vez que, a nível local, existe ainda muita falta de técnicos com conhecimentos e competências para realizar um trabalho coerente e evolutivo, com principal destaque nos escalões de formação, sob pena de não acompanharmos a natural evolução da modalidade e, posteriormente, não termos capacidade competitiva no escalão de seniores.
Em termos gerais, acha que o que se faz na formação é o suficiente? Que aspetos seriam necessários melhorar?Para termos uma ideia, na componente prática deste evento assisti a jovens entre os 16 e 18 anos (juvenis e juniores) a realizarem um conjunto de exercícios com componentes técnico-táticas que muitos dos nossos futsalistas, já seniores, possivelmente nunca realizaram. Tudo isto para dizer que, na minha opinião, temos de ter a capacidade de perceber que a nossa realidade futslista tem de evoluir. A necessidade de ações de formação para treinadores é fundamental, mas, acima de tudo, os treinadores devem apostar num método de treino definido e planeado, o que ainda não acontece em todos os clubes locais. Além disso, considero fundamental os quadros técnicos dos clubes estruturarem e definirem os seus modelos de formação não só em termos desportivos, mas também formativos. Tenho a plena convicção que os nossos futsalistas, se bem orientados, terão uma boa capacidade de resposta perante os desafios competitivos regionais e nacionais. Para que isso aconteça, temos de ter mais e melhores treinadores.
Sem comentários:
Enviar um comentário