SÉRGIO LIMA: Terminou o primeiro mandato à frente da novel colectividade do Matraquilhos Futebol Clube (MFC). Qual o balanço que faz a estes três anos?
Penso que o balanço é globalmente positivo. É evidente que nem tudo foi perfeito, pois também tivemos momentos menos bons. No entanto, é da mais elementar justiça ressalvar que todo o grupo directivo teve a capacidade para aprender com os erros porventura cometidos, retirando as devidas ilações para que, no futuro, não voltem a acontecer.A verdade é que foi necessário grande espírito de aventura, coragem, força de vontade e uma grande dose de imaginação. A partir da fundação do MFC, levámos um ano a "inventar" formas de financiamento e meios para sustentabilizar toda a vertente de organização e logística do clube, para depois, então, partirmos para as componentes desportiva e social.
Os clubes vivem com poucos recursos para sustentar a sua actividade. Tem sido uma dificuldade, também, para o Matraquilhos encontrar formas de financiamento?
É, sem dúvida, uma das nossas grandes lutas, pois começámos do nada, sem qualquer fundo, e só com uma grande dose de imaginação conseguimos angariar os fundos necessários para arrancar com o projecto dentro dos moldes que nos permitam encarar os obstáculos com alguma segurança. Organizámos diversas actividades e eventos que nos ajudaram a projectar esta iniciativa, pois permitiram que o MFC passasse a ser conhecido pelo público em geral. A direcção do clube, a nível financeiro, tem sempre a preocupação de trabalhar "uma época à frente". Temos a convicção de que, só assim, poderemos caminhar com os pés bem acentos no chão. Penso que este é um dos grandes pilares do clube, não obstante circularem rumores de que o MFC estaria a pagar ordenados. É evidente que não passa disso mesmo: rumores. No MFC, jogador nenhum recebeu seja o que for para assinar e muito menos temos jogadores "profissionais". Só vejo isto como uma tentativa clara de desestabilização do grupo de trabalho.
FORMAÇÃO
Ao longo deste período, que objectivos o Matraquilhos conseguiu cumprir e que, na sua opinião, foram determinantes para a solidificação do projecto?
Conseguimos colocar o clube numa situação financeira estável, o que, pelos exemplos que vão surgindo, é sempre de louvar. A forma organizada como estamos a trabalhar tem sido, de igual forma, determinante para a solidificação deste projecto.Por outro lado, o arranque dos escalões de formação é um marco, quanto a nós, deveras importante e que merece ser devidamente realçado. Pretendemos alargar a actividade na próxima época, mas a principal dificuldade é a falta de um pavilhão, pois, actualmente, para conseguirmos cumprir três treinos semanais, temos de treinar duas vezes na rua, uma em sintético e outra no cimento.
Durante algum tempo o clube mostrou alguma apetência para o ecletismo. Qual será a tendência no futuro: manter apenas o futsal ou englobar outros desportos?
Nunca escondemos que o futsal será, sempre, o nosso desporto de eleição. Mas não fechamos portas a ninguém, tal como já aconteceu no passado recente. Ainda assim, o ecletismo no Matraquilhos só será possível se aparecerem pessoas competentes e com um projecto bem fundamentado a todos os níveis. Só assim estaremos abertos a propostas.
TÍTULO
Em termos desportivos, quais são os grandes objectivos, não só no presente como para o futuro?
Jamais iremos "embandeirar em arco", soltando euforias que, na esmagadora maioria das vezes, apenas servem para desviar as atenções do essencial. Os objectivos delineados para esta época pela equipa técnica e direcção serão sempre pensados jogo a jogo e somente no fim faremos as contas. Ao contrário da mensagem que muitas pessoas querem fazer passar, o MFC não é candidato ao título. Apenas a equipa técnica ou a direcção podem assumir esta candidatura. Como isto não aconteceu, não somos candidatos.
A falta de vocação da sociedade para o associativismo e dirigismo é um dado incontornável. O Matraquilhos também tem sentido esta escassez de recursos humanos?
Tal como diz o ditado: "poucos, mas bons". É uma filosofia bem aplicada no nosso clube. Ainda assim, é evidente que sentimos dificuldades face à escassez de pessoas disponíveis para assumirem cargos de direcção e de acompanhamento dos jovens nos escalões de formação. Aliás, se na próxima época for possível alargar os escalões jovens tal como é nossa intenção, será necessário arranjar mais pessoas para nos ajudarem a levar este barco a bom porto.
Abrir o clube aos sócios
Quais são os grandes projectos e prioridades para o futuro?
O grande objectivo passa por um pavilhão na freguesia. A presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo fez essa promessa e estamos esperançados que ela se concretize. Por outro lado, abrir a nossa sede aos sócios e simpatizantes é um projecto que queremos concretizar a breve trecho, enquanto que, a outro nível, pretendemos cumprir os requisitos necessários para que o MFC possa atingir o estatuto de Instituição de Utilidade Pública. A nível desportivo existem muitos planos, mas que, contudo, ainda estão no "segredo dos Deuses".
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