Entrevista Diário Insular Luis Almeida 30.Mai.2011
NUNOVIEIRA, TREINADOR DO MATRAQUILHOSFUTEBOLCLUBE
“Lutámos pelo título até à última jornada”
NUNO VIEIRA: “O nosso objetivo passa por garantir a manutenção na Série Açores”
Nuno Vieira considera positiva a época do Matraquilhos, que culminou com a conquista da Taça de Ilha e o apuramento para a Série Açores de Futsal.
O Matraquilhos Futebol Clube (MFC) termina 2010/11 com a conquista da Taça Ilha Terceira de Futsal, escalão de seniores masculinos, mas perde o título de ilha para a Casa da Ribeira, embora o segundo lugar signifique a entrada na primeira edição da Série Açores. Tendo em conta estes desfechos, como analisa o percurso da equipa ao longo da época finda?
Muito positivo. Afirmo isto porque, apesar de termos ficado apenas a um ponto do título máximo, acabámos por alcançar um dos grandes objetivos traçados inicialmente, ou seja, a subida de divisão. No que se refere ao campeonato, o Matraquilhos teve, na minha perspetiva, um percurso digno de registo. Além de apresentar um futsal com qualidade, lutou pelo seu objetivo de ser campeão até à última jornada, ficando apenas a um ponto, como referi. De resto, esta foi a nossa melhor classificação de sempre. A conquista da Taça Ilha Terceira premeia o esforço dos meus atletas, mas também da direção e simpatizantes que acompanharam a equipa ao longo da época. Estamos convictos do contributo que temos dado à modalidade.
Assumiu o cargo de treinador principal, que acumulou com o trabalho nos escalões de formação, após a saída de Marco Reis ainda numa fase precoce do campeonato. Que influência esta “chicotada” teve no comportamento da equipa e o que mudou a partir daí?
Esta situação foi devidamente esclarecida com os meus atletas e direção e ficou encerrada logo no primeiro momento. A confiança que pedi ao grupo foi retribuída com a máxima dedicação e empenho, sendo que o futsal praticado pelos meus atletas é o espelho do trabalho desenvolvido semanalmente nos treinos.
A Casa da Ribeira garantiu o cetro com somente mais um ponto do que o Matraquilhos Futebol Clube, mas em relação ao terceiro classificado, União Praiense, a distância chega aos 15 pontos. Também em golos marcados e sofridos os dois primeiros classificados foram claramente superiores. Tendo em conta estes dados, como analisa o grau de competitividade/qualidade do campeonato?
No início da época, perspetivava um campeonato repartido até meio da tabela, o que veio a suceder. Com a confirmação da Série Açores, a competitividade aumentou tendo em conta as quatro vagas em aberto. No que se refere ao apuramento do campeão, percebeu-se que a luta seria a dois. Desde que acompanho o futsal, este foi, para mim, o campeonato mais competitivo que se disputou.
Pode-se dizer que o horizonte Série Açores animou a discussão pelas quatro posições cimeiras, mas não serviu para juntar mais clubes na luta pelo título, que se resumiu a dois candidatos?
Considero que, enquanto matematicamente for possível, todos nós ambicionamos alcançar a primeira posição, mas Casa da Ribeira e Matraquilhos foram, de facto, as equipas mais regulares ao longo da prova, pelo que, em determinado momento, percebeu-se que o título seria disputado a dois. Contudo, não podemos desvalorizar os restantes adversários.
Na sua perspetiva, o que faltou ao MFC para poder suplantar os argumentos exibidos pela Casa da Ribeira e que permitiram à turma praiense somar o bicampeonato?
Considero que a prestação que o MFC realizou ao longo do campeonato seria suficiente para chegar ao título. No entanto, os dois empates com o estreante GDR São Carlos foram, sem dúvida, um fator determinante para não atingirmos o nosso primeiro objetivo. Habitualmente, afirmo que não gosto dos “ses” no desporto, pelo que me resta felicitar a Casa da Ribeira pela regularidade apresentada em prova e o consequente título alcançado.
SÉRIE AÇORES
É certa a sua continuidade no cargo de técnico principal tendo em vista a participação na Série Açores de Futsal?
É um facto que vou continuar nos seniores na próxima época. Ainda assim, foi uma decisão pessoal muito difícil, pois tenho e pretendo continuar a ter uma forte ligação aos escalões de formação do MFC. O futuro do clube passa, essencialmente, por eles, pelo que é extremamente importante dar continuidade ao trabalho desenvolvido até ao momento, pois queremos ver atletas da formação chegar aos seniores e vejo reais possibilidades de isso acontecer em breve, uma vez que temos jovens com qualidade.
Quais os grandes objetivos do MFC para a Série Açores da próxima época?
Em termos gerais, pretendemos dar significado a um dos nossos lemas, que passa por elevar e orgulhar o nome da Terra Chã através do futsal, bem como a nossa cidade de Angra do Heroísmo e, consequentemente, representar de forma digna o futsal da ilha Terceira. Desportivamente, o nosso objetivo passa por garantir a manutenção na Série Açores.
A estrutura base do atual plantel oferece garantias tendo em vista os objetivos traçados, ou o grupo de trabalho será alvo de mudanças?
A equipa técnica e a direção pretendem manter a base do plantel atual. Haverá algumas alterações, como sempre acontece, mas não prevemos grandes mudanças, pois o grupo de trabalho apresenta qualidades que permitem encarar a competição com confiança e serenidade.
Na iminência de uma competição mais exigente e, ao mesmo tempo, com maior desgaste, até porque obriga a deslocações constantes entre S. Miguel, Faial e Santa Maria, acha que será necessário proceder a alterações de fundo, tanto a nível do treino como de acompanhamento e apoio à equipa, para que a Série Açores possa ser encarada com otimismo?
Certamente que sim. Teremos de passar por uma fase de adaptação às novas exigências, mas o excelente grupo de pessoas que acompanha o clube revela sentido de organização e ambição para dar resposta a este desafio. Será necessário um maior envolvimento de todos, mas estou convencido que, com empenho e superação, estaremos preparados para enfrentar esta nova etapa na vida do clube. No entanto, não posso deixar de realçar que somos um clube aberto às pessoas e quem estiver disposto a colaborar é sempre bem-vindo na família matraquilhense.
Como viu a criação da Série Açores? Considera que é altura ideal para surgir este novo quadro competitivo e que o mesmo irá transportar a modalidade para patamares mais elevados?
Na minha perspetiva e pelo que tenho acompanhado à escala global, o futsal é, claramente, a modalidade do futuro, pelo que foi com satisfação que assisti ao aparecimento da Série Açores. Na ilha Terceira, o futsal tem conquistado cada vez mais amantes e praticantes, pois é uma modalidade de emoção e paixão e quem assiste aos jogos, mais do que perceber, sente a adrenalina do jogo. Por isso, estou convicto que a sustentabilidade do futsal não será posta em causa pela criação da Série Açores.
Pela sua experiência e por aquilo que conhece da realidade da ilha, tanto o MFC como os restantes clubes reúnem condições para enfrentar uma Série Açores? Que fatores, na sua opinião, podem condicionar a participação das equipas terceirenses na 3.ª Divisão?
Os níveis de exigência são outros e os receios são normais. Também os tenho, como é natural. Todavia, se não tivermos a ambição de crescer, não valeria a pena desenvolver a atividade. É, sem dúvida, obrigatório que todos nós, desde dirigentes, treinadores e atletas, sejamos capazes de perceber que a nossa responsabilidade aumenta e que será necessário dar uma resposta adequada ao contexto onde estaremos inseridos a partir da próxima época.
Tem sido evidente a evolução do futsal terceirense ao longo dos últimos anos e, inclusive, parece que o trabalho realizado pelos clubes locais tem-se superiorizado em relação a outras ilhas, como comprovam os resultados obtidos nos regionais jovens. Como analisa esta evolução? Pela sua experiência junto dos escalões jovens, que passos têm sido dados e o que falta ainda fazer?
É com enorme satisfação que vejo a evolução do nosso futsal no contexto açoriano e nacional, o qual tem vindo a ser acompanhado por resultados deveras motivantes para quem desenvolve a modalidade. Sou da opinião que, mais do que defender os clubes, temos, igualmente, de defender a modalidade, pois o crescimento da mesma é mais do que evidente. No que se refere aos passos que têm sido dados, o aparecimento das seleções é um facto muito bom para que os mais jovens ingressem no futsal. Espero que seja para continuar. A formação dos treinadores é igualmente outro fator que não podemos descurar. di
“No que se refere ao campeonato, o Matraquilhos teve, na minha perspetiva, um percurso digno de registo”
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