segunda-feira, 6 de março de 2017

FUTSAL: MATRAQUILHOS VENCEDOR DA SÉRIE AÇORES, DISPUTA SUBIDA À 1.ª DIVISÃO DO CAMPEONATO NACIONAL

Fonte: Jornal da Praia | Desporto | Futsal | 06.03.2017

FUTSAL: MATRAQUILHOS VENCEDOR DA SÉRIE AÇORES, DISPUTA SUBIDA À 1.ª DIVISÃO DO CAMPEONATO NACIONAL

O Matraquilhos Futebol Clube (MFC) a uma jornada do fim, conquistou recentemente o título de vencedor da Série Açores do Campeonato Nacional da 2.ª Divisão de futsal, apurando-se para disputar o acesso ao Campeonato Nacional da 1.ª Divisão da modalidade, que tem início já no próximo sábado.
Em mais um momento histórico deste jovem clube da Terra-Chã, Jornal da Praia foi ouvir as emoções, preocupações e expetativas do seu presidente, Paulo Vieira, do treinador, Nuno Vieira e do capitão da equipa, Nuno Cardoso.
PAULO VIEIRA – PRESIDENTE
Jornal da Praia (JP) – Como tem decorrido a época desportiva do MFC sob a sua presidência?
Paulo Vieira (PV) – Como presidente desta colectividade sou ambicioso e quero que meus atletas também o sejam, embora sem nunca perdemos a consciência da nossa realidade. Para mim, este título é também um momento de enorme satisfação e agradeço a todos os que trabalharam para este sucesso, nomeadamente, jogadores, equipa técnica e dirIgentes, assim como os nossos adeptos que transmitem muito carinho e energia à equipa. É um título do colectivo e da capacidade de trabalho.
Como presidente, companheiro e amigo consolidar o Projecto do Matraquilhos tem sido uma missão árdua, mas é com enorme alegria que vejo o nosso clube crescer de forma sustentável e sustentado com o que fazemos dentro de campo. Esta é a concretização do nosso sonho.
O Matraquilhos Futebol Clube é uma prova de que os sonhos de criança podem-se tornar realidade, o MFC é actualmente uma referência no Futsal, mas também sabemos que o dirigismo desportivo não vive os melhores dias e são sempre os mesmos a manter a actividade do clube.
JP – Quais os objetivos a curto prazo do MFC?
PV – O desafio do Matraquilhos nos próximos anos e, apesar de termos plena consciência do crescimento do MFC nestes 10 anos, temos igualmente consciência que dentro da nossa realidade, manter este nível de qualidade e exigência não é fácil porque os clubes são feitos de pessoas e ter todos os escalões de formação e uma equipa sénior a competir a nível nacional sempre com a “casa as costas “ é muito exigente e desgastante. Não ter um espaço próprio começa a desmotivar e o maior título que o MFC persegue é a continuidade.
Sem pessoas e sem a freguesia ao nosso lado nada está garantido. O Matraquilhos é um clube assente num grupo de pessoas que revêem-se nos valores deste projecto e que só com muita dedicação tem sido possível manter, mas somos poucos.
O título que perseguimos desde a nossa fundação é o apoio das pessoas da Terra-Chã, porque temos dignificado muito a freguesia onde crescemos e representamo-la com muito Orgulho e Dedicação.
JP – Qual a importância da conquista do título de vencedor da Série Açores – 2ª Divisão Campeonato Nacional, após os 10 anos da formação do clube?
PV – Um dos nossos sonhos é levar o MFC o mais alto possível na modalidade de Futsal. O Matraquilhos nestes 10 anos tem feito um excelente trabalho desportivo e social nos diversos escalões, de formação e seniores. E a conquista deste título é o reflexo de um clube jovem, mas que criou a sua identidade e que tem contribuído muito para o Futsal local.
O desenvolvimento do MFC não se assenta apenas nos títulos, mas pelo historial desportivo, pela história do Futebol de Salão na Terra-Chã, pelas características da freguesia, o que falta ao MFC além do que referi na pergunta anterior é uma infra-estrutura, concretamente um Pavilhão e se possível uma Sede para que o clube possa desenvolver a sua componente social. Contudo e apesar dos argumentos atrás mencionados serem suficientes para convencer, estamos também conscientes que essa decisão não compete a nós. Arrisco a dizer que no dia que baixarmos os braços e desistirmos, possívelmente o Pavihão surgirá na freguesia.
JP – Como presidente como viveu este triunfo?
PV – Particularmente foi um título que me deixa muito orgulhoso porque fomos muito competentes dentro de campo; soubemos sofrer e sempre acreditámos desde o 1º dia de época que poderiamos ser novamente campeõs, com trabalho, compromisso e dedicação dos nossos atletas e dirigentes, nunca esquecendo o excelente trabalho que tem vindo a ser feito pela equipa técnica orientada pelo meu treinador Nuno Vieira.
Acredito muito no valor dos meus atletas. E para mim como presidente é um grande privilégio e gosto trabalhar em prol deste clube todos os dias para podermos alcançar os nossos objectivos. Quero agradecer á minha esposa e filhos e família pelo apoio incondicional ao longo destes 10 anos, onde participei diariamente neste sonho, sem o apoio deles nada seria completo. Aos sócios e simpatizantes deste clube agradeço o apoio constante ao longo da nossa caminhada.
JP – Que expectativas tem para o apuramento de subida à 1ª Divisão do Campeonato Nacional?
PV – É uma nova experiência disputar o acesso à Primeira Divisão Nacional, mas temos aproveitar o momento para desfrutarmos deste nível competitivo e levar o nome do atleta açoriano o mais alto possível, sempre com intuito de Jogo a Jogo sermos competitivos e demostramos a nossa identidade.
Será certamente uma experiência única na carreira dos nossos atletas, dirigentes, treinadores e saber aproveitar as experiências dos anos de 2012/2013 e 2014/2015 é importante, porque já conhecemos a exigência da realidade nacional, mas estou convicto que faremos uma participação digna.
NUNO VIEIRA – TREINADOR
JP – Como foi o percurso do MFC até se consagrar vencedor da Série Açores do Campeonato Nacional da 2ª Divisão de Futsal?
Nuno Vieira (NV) – Para quem não conhece a história e a origem do MFC é só um título. Este campeonato é o significado de um trabalho de continuidade de uma equipa/clube que cresceu com as experiências adquiridas em campo. Esta é a Geração do Acreditar, do Compromisso, Dedicação e do Trabalho, para mim são uma referência para os Futsalistas Açorianos e deviam ser mais valorizados por isso, porque o percurso que esta equipa tem feito, parece fácil, mas não o é e dentro da região são um bom exemplo – é uma geração que tem aberto os horizontes aos mais novos. Ao longo das últimas 6 épocas esta equipa tem-se superado de uma forma inacreditável para aquilo que é a realidade do Futsal nos Açores e com jogadores locais. Apesar das várias dificuldades, continuo com a convicção que esta equipa pode continuar a crescer.
Ser Campeão dos Açores no 10.º Aniversário do MFC tem um significado especial porque apesar do historial desportivo recheado de títulos nos seniores e formação, facto é que o MFC continua a ser um clube muito jovem e socialmente frágil porque somos muito poucos no trabalho do dia-a-dia e o maior título que o MFC pode ter é a continuidade. Tornámo-nos numa referência do Futsal nos Açores, é um facto, mas a realidade é que em termos de pessoas precisamos mais das pessoas da Terra-Chã próximas do clube, este é o título que o MFC persegue desde o início da sua fundação.
JP – Quais os aspectos positivos e negativos desta Série Açores inserida num contexto de Campeonato Nacional de 2ª Divisão Nacional?
NV – Temos uma competição e isto é positivo e compete a nós desenvolvê-la o melhor possível. Contudo, mantenho a perspectiva que já assumi em situações anteriores, concretamente - esta é a segunda época com este quadro competitivo e continuo a não concordar com este isolamento das restantes séries nacionais. O Campeão Acoriano faz 14 jornadas (8 equipas) e, as equipas das outras 6 séries fazem 18 jornadas (10 equipas); são factores que aumentam a competitividade, o que em conjunto com a nossa realidade geográfica dificulta a nossa evolução, não é uma desculpa, é facto.
Com o conhecimento que tenho da realidade nacional e sem arranjar desculpas, no geral o nosso Futsal nos Açores ainda não está no patamar da 2.ª Divisão nacional e o vencedor da série Acores “paga esta factura” pela falta de intensidade e pela maior qualidade nos detalhes e acções de jogo. Esta série isola-nos e atrasa o nosso desenvolvimento. A Madeira é um bom exemplo e pelo que acompanho, estão cada vez mais competitivos porque estão inseridos na realidade nacional. Sem investimento / apoios públicos à modalidade para este nível competitivo (como foi o caso do Operário em épocas anteriores), neste momento e com estas características, arrisco-me a dizer que os clubes dos Açores não tem possibilidade de chegar à 1.ª divisão, sendo que facilmente quem não conhecer a modalidade afirmar que estamos a disputar a fase de subida.
JP – Quais as expectativas do MFC para o apuramento de subida para a 1ª divisão?
NV – Temos de estar focados em Competir, mas essencialmente em continuar a Crescer (uma equipa não se pode construir só com os resultados). Mesmo com as dificuldades que referi atrás - não será desculpa para não sermos competitivos nesta fase. É uma nova experiência disputar o acesso a uma Primeira Divisão, mas temos de saber aproveitar as experiências de 2012/2013 e 2014/2015 para aparecermos em campo mais evoluídos, mais consistentes e cientes que devemos competir sem complexos de inferioridade, fazendo-nos respeitar pela nossa organização colectiva e pela qualidade individual que também temos.
JP – Como vê o futsal na Ilha Terceira?
NV – O Futsal tem crescido na qualidade de alguns momentos de jogo, cada vez mais atletas com bases de futsal a aparecer, pavilhões sempre cheios, com as pessoas com vontade de ver e sentir a emoção que é um jogo de futsal e isso são aspectos que considero muito positivos. Estruturalmente considero que os dirigentes tem de ser mais dinâmicos, exigentes e com visão de desenvolvimento da modalidade, porque o que denoto é que exigir dos outros é rápido, mas por vezes pergunto-me onde está a exigência consigo próprios, porque é uma classe que aponta muito, mas reflecte pouco sobre o seu papel e funções directas – temos de ter uma visão de desenvolvimento global da modalidade e trabalhar em função disso. Por vezes apontamos a arbitragem, mas na Terceira temos exemplos muito bons na modalidade e que actualmente estão ao mais alto nível do futsal nacional – são um excelente exemplo porque foram ambiciosos e foram atrás de novos horizontes. Os treinadores, dirigentes e atletas devem aprender com isso e ter mais ambição, porque uma das críticas que faço ao desporto da nossa região é o rápido comodismo, porque ficamos satisfeitos em ganhar cá e já achamos que estamos num patamar muito evoluído, em suma, na minha perspectiva considero que não devemos ficar só por sermos “o melhor da nossa rua”.
JP – Quais os seus objectivos como treinador?
Ser treinador não é a minha profissão, mas é uma paixão desempenhar esta função e sinto-me feliz por desfrutar deste jogo espectacular. Antes de falar em objectivos falo em sonho e como treinador era poder chegar à 1.ª Divisao de Futsal. O meu objectivo como Treinador é fazer crescer todos os que comigo trabalham e procurar aprender também com eles, porque ninguém consegue o sucesso sozinho. Liderar grupos que se formam equipas é algo que todos os treinadores perseguem. Digo aos meus jogadores que a minha dedicação é para eles e por eles, pois quem joga são eles e mais que dizer isso, quem comigo trabalha pode comprová-lo. Em resumo, é crescer dentro de um projecto colectivo, onde todos saímos valorizados. Tirar o curso de treinador de Nível III é uma ambição que tenho.
NUNO CARDOSO – CAPITÃO
JP – Como foi o percurso do MFC até se consagrar vencedor da Série Açores do Campeonato Nacional da 2ª Divisão Nacional?
Nuno Cardoso (NC) – Foi um percurso difícil, em que a nossa união, humildade e concentração em todos os jogos vieram ao de cima e deram-nos as vitorias para conseguirmos o objetivo principal.
JP – Quais os aspectos positivos e negativos desta Série Açores do Campeonato Nacional da 2ª Divisão Nacional de Futsal?
NC – Na minha opinião a cada ano que passa a Série Açores fica mais competitiva. Para continuarmos todos a crescer todas as equipas têm de evoluir mais nos detalhes do jogo. Do que vamos vendo das equipas das outras séries, inclusive da 1ª divisão, nós temos qualidade técnica mas a qualidade tática é ainda um ponto a melhorar, e quando nós, equipas açorianas, somos confrontados com esta qualidade e forma de jogar sentimos dificuldades e as diferenças aparecem. Nos Açores existe qualidade para melhorar no entanto, era preciso que todas as equipas a trabalhassem de forma a querer evoluir cada vez mais, e não se deixassem ficar por objetivos pequenos.
JP – Quais as expectativas do MFC para o apuramento de Subida à 1ª Divisão Nacional de Futsal?
NC – Temos de ser realistas pois existem equipas com projetos de 1ª divisão. É um sonho para todos nós podermos chegar lá. Vamos sem medo, lutar pelo jogo até ao último segundo com ambição, e dentro do que disse anteriormente, tentar crescer nos pequenos detalhes do jogo que fazem toda a diferença.
JP – Como vê o futsal na Ilha Terceira?
NC – Penso que a cada ano que passa há mais atletas tanto na formação como ao nível sénior, mas infelizmente isso não é sinal de evolução da qualidade de jogo. A cada ano que passa as equipas têm tido melhores condições de treino e deveriam aliar isso a uma maior qualidade nos treinos começando pela assiduidade, compromisso, responsabilidade entre outros, não só dos atletas mas também de dirigentes e treinadores. Hoje em dia todos temos acesso a muita informação sobre Futsal. Saber utilizar essa informação para que tenhamos uma evolução de uma forma mais sustentada e qualitativa deveria ser o objetivo de todas as equipas.
JP – Quais os seus objetivos como jogador?
NC – Neste momento é ajudar o Matraquilhos a conseguir alcançar os seus objetivos para o que falta da época. Continuar a crescer e evoluir como jogador e pessoa, passando a imagem para os mais novos que respeito, trabalho e humildade são pontos essenciais para o crescimento como atletas e que todos os pormenores são importantes, tanto em jogo como em treino. No futuro quero continuar a poder escrever mais histórias neste grande clube que merece tudo isto e muito mais, começando por um pavilhão.
Texto: Libânio Silva


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