sexta-feira, 20 de março de 2009

FALTA DE APOIO, PAGAMENTOS EM ATRASO, AMEAÇAS, ETC.

IN: Diário Insular 19 Março 2009
"FALTA DE APOIO, PAGAMENTOS EM ATRASO, AMEAÇAS, ETC.

Árbitros locais
contestam AFAH


Os árbitros terceirenses estão desapontados com o comportamento da AFAH. Lamentam ainda a pouca independência do Conselho de Arbitragem e o clima de medo que impera.

Os árbitros locais mostram-se bastante desagradados com a falta de apoio da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo (AFAH), ao mesmo tempo que questionam “a atitude demasiado passiva” do NAFIT – Núcleo de Árbitros de Futebol da Ilha Terceira.

Segundo conseguimos apurar junto de fonte próxima do processo, é cada vez mais evidente o distanciamento entre a Associação e os homens do apito. O modo como foi conduzido o recente caso que envolveu o árbitro Hélio Pereira é apenas mais uma gota de água que ameaça transbordar o copo.

Recorde-se, a propósito, que o árbitro Hélio Pereira deu por terminado o encontro Biscoitos – União Praiense, válido para a 14ª jornada do Campeonato da Terceira de Futsal, a dez segundos do fim, alegando razões de segurança, o que não terá agradado, tanto ao Conselho de Arbitragem (CA) como à direcção da AFAH.

Entretanto, Hélio Pereira, embora sem nunca ter recebido qualquer nota de culpa, foi suspenso, sendo agora informado que a sanção termina no próximo sábado. Pelo meio, esteve, na qualidade de assistente, num jogo de futebol de 11 da Terceira Divisão Nacional, uma vez que a AFAH não comunicou o sucedido à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), acabando, ainda assim, por não acompanhar o chefe de equipa em duas ocasiões.

Ainda no âmbito do futsal, o CA da AFAH não nomeou qualquer árbitro para o desafio do passado fim-de-semana, entre GD Biscoitos e Matraquilhos, a contar para a 20ª ronda do Campeonato da Terceira, “por falta de elementos disponíveis”, lê-se no ofício que a direcção da AFAH remeteu ao GD Biscoitos.
Em face dos regulamentos em vigor, cabe ao clube da casa, na circunstância o GD Biscoitos, encontrar a devida solução.

O emblema da costa norte da ilha recorreu, então, à disponibilidade da dupla Luís Silveira/Dâmaso Teixeira, agora ao serviço do Inatel. Até aqui tudo bem, só que, segundo apurámos, havia árbitros associativos disponíveis, tendo, inclusive, pelo menos um assistido ao jogo.

“É verdade que tem acontecido uma série de incidentes com árbitros no pavilhão do GD Biscoitos. Só que a Associação, em vez de agir contra o clube, opta por medidas como esta de não nomear árbitros, que é uma forma de ‘lavar as mãos’. Afinal, para que é que serve o Conselho de Disciplina?”, questiona um elemento ligado à causa da arbitragem.

PAGAMENTOS

O rol de queixas não se fica por aqui. Todas as épocas, os árbitros oferecem o prémio monetário de um jogo à denominada Associação de Auxílio de Arbitragem (AAA), ficando o envio da verba apurada a cargo do respectivo Conselho de Arbitragem.

Em missiva dirigida ao presidente do CA da AFAH, a AAA informa que as verbas em referência não são liquidadas desde a época 1992/93, sendo certo que “os árbitros locais sempre descontaram para o fundo de auxílio à classe”.

Continuando no capítulo das verbas por liquidar, a AFAH recebe todos os anos 400 euros para despesas com prémios de arbitragem (as restantes são suportadas pela Direcção Regional do Desporto e FPF) aquando da participação no Torneio Lopes da Silva. Acontece que os árbitros terceirenses presentes na competição em 2007 (Hugo Teixeira) e 2006 (Nuno Fonseca) ainda não foram contemplados, ao passo que o juiz de campo local que esteve na edição de 2008, Pedro Ferreira, abdicou de qualquer compensação monetária.

MEDO

No meio de tudo isto, a nossa fonte garante que existe um clima de receio generalizado no seio da classe.
“Ninguém fala publicamente com medo de eventuais represálias e perseguições. O CA funciona sem quórum, uma vez que tem apenas dois elementos em funções – José Ferreira, que exerce o cargo de presidente, e Álvaro Silveira –, embora, no fundo, o único que manda é o presidente da direcção, Francisco Costa. Quem é contra as suas decisões, é praticamente convidado a sair, numa atitude de enorme prepotência e falta de respeito”.

REUNIÃO

Por outro lado, tem lugar hoje, pelas 19:30, uma reunião na sede do NAFIT – Núcleo de Árbitros de Futebol da Ilha Terceira com o intuito de analisar a situação da arbitragem terceirense. Apesar de aplaudir a ideia, a nossa fonte lembra, contudo, que “o NAFIT apenas tem existido no papel e pouco ou nada tem feito em prol da classe”.

CA sem autonomia

Contactado pelo DI, José Ferreira assegura que “está a ser efectuado o levantamento dos montantes em dívida à AAA”, sublinhando, no entanto, que “nem todos os árbitros descontaram ao longo dos anos”.

Quanto às verbas destinadas ao Torneio Lopes da Silva, o presidente do CA diz que as mesmas são destinadas a despesas com arbitragem e que “cada Associação faz a gestão da maneira que entende”, acrescentando, porém, que “o CA não tem autonomia financeira”.

Em relação à falta de quórum do CA, José Ferreira recorda a crise que afecta o dirigismo desportivo em geral, garantindo que “tudo está a ser feito para ultrapassar o problema”.

“A não nomeação de uma equipa de arbitragem para o GD Biscoitos – Matraquilhos deve-se ao facto de apenas haver um árbitro disponível naquela data quando eram necessários dois e um cronometrista”, remata."

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