sexta-feira, 20 de março de 2009

ROLDÃO DUARTE

IN: Diário Insular 18 Março 2008
"ROLDÃO DUARTE RECONHECE CRESCIMENTO, MAS ALERTA Futsal terceirense precisa de evoluir
Embora reconheça progressos, Roldão Duarte entende que o futsal terceirense está longe do patamar desejado. Neste contexto, deixa elogios à AJ Fonte do Bastardo.

Por que razão é que pegou na equipa do Vilanovense apenas até ao final da presente época desportiva e não aceitou, por exemplo, um projecto a médio/longo prazo?

Quando a direcção do clube me abordou, este foi, na realidade, um dos temas em cima da mesa. Desde logo deixei bem claro que não fazia parte dos meus objectivos imediatos orientar uma equipa a médio/longo prazo. Se a ideia fosse começar já a preparar a próxima época, eu não era, com certeza, a aposta certa. A direcção percebeu os meus argumentos e colocou-me à-vontade. O desiderato que tracei passa única e exclusivamente por liderar a equipa nesta ponta final da temporada.

Por outro lado, a própria direcção não sabe se vai continuar à frente do Vilanovense, ou seja, há uma série de indefinições, o que nos obriga a agir com alguma ponderação. Admito, contudo, no futuro regressar ao activo de uma forma mais continuada, mas para isso terei que adquirir a habilitação necessária, o que nunca aconteceu precisamente porque jamais tive como objectivo dedicar-me à carreira de treinador.

Este regresso ao futebol em prejuízo do futsal, modalidade que abraçou nos últimos anos, é, então, temporário?

Neste momento, é esta a minha intenção, o que não quer dizer que as coisas não possam mudar no futuro, pois a vida, às vezes, prega-nos surpresas. Vão surgindo coisas novas todos os dias e, consequentemente, aqui e ali, alteramos a nossa forma de pensar e os objectivos traçados. Agora, reafirmo que, para já, não faz parte dos meus horizontes ser treinador de futebol.

Posso deduzir que o retorno ao futsal é uma possibilidade que encara como mais exequível?

O futsal foi algo que surgiu na minha vida quando deixei o futebol de 11, mas, sobretudo, numa perspectiva de ocupação dos tempos livres. Juntámos um grupo de amigos para praticar futsal, só que, entretanto, conseguimos um feito inédito – a subida do Grupo Desportivo da Casa do Povo do Porto Martins ao Campeonato Nacional da Terceira Divisão. Como resido na freguesia do Porto Martins, houve sempre uma ligação afectiva e, atendendo a que faço parte da colectividade, fui ficando – digamos assim. Não foi algo planeado. Longe disso. Aliás, também em relação ao futsal não tenho nada em carteira.

Sente-se presentemente um homem do futebol ou do futsal?

Aprecio as duas modalidades. Agora, aquilo que entendo é que tanto no futebol de 11 como no futsal afigura-se deveras importante apostar na formação. No futebol de 11 as coisas ficaram facilitadas com o aparecimento dos campos sintéticos, pois é um instrumento de trabalho que oferece garantias. Um treinador devidamente habilitado tem um leque de opções, em termos de espaços físicos, bem superior àquilo que sucedia há alguns anos. É mais um aliciante para que as pessoas invistam na sua formação, atendendo a que, nos tempos que correm, é quase imperioso estar habilitado. É algo que pretendo fazer a curto/médio prazo, não com o intuito de treinar, mas sim de enriquecer alguns dos conhecimentos que adquiri enquanto praticante.
No futsal, pelo menos por enquanto, o cenário é um bocadinho mais escuro, em virtude da reconhecida falta de pavilhões, se bem que exista a perspectiva de as coisas melhorarem. Há gente no futsal com formação, mas que depois não tem espaços para treinar, ou seja, é treinador apenas no dia do jogo. É verdade que também aqui já se nota alguma evolução, mas o caminho a percorrer ainda é longo.

O futsal terceirense já domina os princípios básicos da modalidade ou ainda é, em certa medida, uma espécie de futebol jogado por cinco jogadores, num campo de dimensões mais reduzidas?

Nesta matéria, é justo reconhecer que já encontramos equipas com um trabalho interessante. No entanto, não nos podemos iludir, uma vez que há muito trabalho pela frente. Aliás, aqui e ali, ainda se observa alguma resistência.
Quem segue as provas sob a égide da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo, nota, por exemplo, que a equipa que está em primeiro lugar no Campeonato da Ilha Terceira, na circunstância, o União Desportiva Praiense, apresenta um lote de atletas com imensa experiência. A recente passagem pelo Campeonato Nacional da Terceira Divisão permitiu a obtenção de conhecimentos que estão a ser colocados ao serviço da equipa, com todas as vantagens daí inerentes.
Todavia, por aquilo que tenho observado, a única equipa que está empenhada em respeitar na íntegra os princípios básicos da modalidade – e que, inclusive, apostou num treinador com enorme capacidade e formação específica – é a Associação de Jovens da Fonte do Bastardo. Percebe-se que existe ali futsal na verdadeira acepção da palavra.
As outras, embora com alguma evolução pelo meio e muita boa vontade, ainda não apresentam um nível semelhante, isto apesar de a AJ Fonte do Bastardo não estar nos primeiros lugares da classificação, o que, na minha perspectiva, não deixa de ser natural, pois, como se sabe, custa sempre assimilar novos processos e métodos de trabalho. É algo que leva o seu tempo e exige, claro, persistência. A maioria das equipas serve-se da experiência acumulada, o que, reconheça-se, em determinadas ocasiões, conta muito.

OBJECTIVO DO VILANOVENSE

Dignificar o clube


Roldão Duarte rendeu Álvaro Pereira no comando técnico do Sport Clube Vilanovense. A manutenção na Série Açores é missão (quase) impossível, o que não impede a equipa de ter metas pré-estabelecidas.
“Se olharmos única e exclusivamente para a vertente desportiva, todos sabemos que nos espera uma tarefa épica, para não dizer impossível. Perante este cenário, a direcção do Vilanovense solicitou-me que, acima de tudo, procurasse dignificar o nome do clube. É neste pressuposto que estamos a trabalhar.
A eventual manutenção do Praiense na Segunda Divisão abre-nos uma réstia de esperança. Ainda assim, o atraso que possuímos em relação à concorrência, para mais num mini-campeonato, não é fácil de anular, mesmo descendo apenas duas equipas.
No entanto, é evidente que nos compete estabelecer objectivos e o primeiro é tentar apanhar a equipa que está mais próxima de nós, na circunstância, o Marítimo. Nesta linha de raciocínio, depois tentaremos chegar ao Desportivo de Rabo de Peixe. É com esta motivação que trabalhamos dia-a-dia. Vamos ver o que acontece, pois, matematicamente, ainda é possível fugir à descida, embora, repita, a missão seja deveras complexa”.

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