terça-feira, 24 de agosto de 2010

"Lutar pelo título de campeão com cabeça, tronco e membros"

Diário Insular 23.AGO.2010 Segunda-Feira



MARCO REIS, TREINADOR DO MATRAQUILHOS FUTEBOL CLUBE


"Lutar pelo título de campeão com cabeça, tronco e membros"
Marco Reis: "É necessário trabalhar muito e todos nós compreendermos qual o espírito do Matraquilhos"

Marco Reis é o novo treinador do MFC e quer a equipa a lutar pelo título de campeão, sem esquecer a presença na futura Série Açores de Futsal. O técnico destaca, ainda, a excelente organização do clube.

Depois da experiência com o União Praiense na terceira divisão, assume para 2010/2011 a liderança técnica do futsal senior do Matraquilhos Futebol Clube (MFC). O que o cativou para esta mudança?

Antes de mais, fiquei de alguma forma sensibilizado pelo facto da direção do MFC se ter deslocado a minha casa para me convidar para assumir este projeto. Por outro lado, já conhecia os Matraquilhos e a sua equipa, bem como alguns elementos dos corpos sociais. Aliás, é um clube com um projeto que sempre considerei bastante interessante. Estava a terminar o Campeonato Nacional da 3.ª Divisão com o União Praiense quando me fizeram o convite e não houve uma resposta de imediato, mas passei a minha opinião de que considerava este projeto muito aliciante. Acima de tudo, o que mais me agrada na estrutura do Matraquilhos é que tem, como se costuma dizer, cabeça, tronco e membros. É completa e a direção tem um objectivo, bem proposto e bem estruturado. Para um treinador que quer, pura e simplesmente, treinar futsal, sem ter de se preocupar com mais nada, é muito positivo. Por outro lado, gosto de vencer e o MFC pode proporcionar-me esta possibilidade.

De forma resumida, como analisa aquilo que foi a época nos nacionais com o União Praiense, que acabou por redundar na despromoção?

Orientava a equipa dos Biscoitos quando o União Praiense assumiu o interesse para que eu fosse o treinador na 3.ª Divisão. Para mim foi um ano excelente a nível pessoal no sentido de aprender como funcionam as coisas numa divisão superior. Todavia, é óbvio que fiquei desiludido por não conseguir que os objetivos fossem cumpridos. Com isto, é claro que assumo as minhas responsabilidades, mas, na verdade, há muitos outros aspetos que falharam e sobre os quais não me queria pronunciar. Como tal, era ponto assente que não iria continuar, mesmo que os objetivos fossem alcançados.

CAMPEÕES

Em relação ao MFC, quais são, no fundo, as grandes prioridades que direção e equipa técnica têm delineadas para a nova temporada?

A direção do clube fez algo que me parece muito interessante: pediu-me para definir objectivos. Perguntaram-me com que jogadores gostaria de contar e quais os objectivos que eu entendia serem possíveis alcançar com o plantel que estaria à minha disposição. Ou seja, foi o próprio treinador quem traçou as metas, não em termos de clube, que estas estão a cargo da direção, mas sim no que toca ao plantel sénior. E o objetivo número um é simples: com as condições que o clube proporciona aos atletas, com os novos jogadores que fomos buscar e os que cá se mantém, queremos ser campeões. Por outro lado, é preciso estar presente no nosso trabalho a importância de garantir uma vaga na futura Série Açores, mesmo que este seja um objetivo secundário e no qual vamos tentar não pensar demasiado.

O plantel que o MFC conseguiu reunir dá-lhe garantias de sucesso?

Sem dúvida. Enquanto treinador e com o plantel à minha disposição, tenho todas as condições para realizar um época ótima e lutar para se campeão. É lógico que ter os jogadores certos e um plantel forte, por si só, não vai permitir que sejamos campeões. É necessário, acima de tudo, trabalhar muito e todos nós compreendermos qual o espírito do Matraquilhos, sem esquecer, claro, a indispensável pontinha de sorte. Enquanto treinador e com o plantel à minha disposição, tenho todas as condições para realizar uma época ótima e lutar para ser campeão.

Encontrou no clube, de facto, as condições, as estruturas e o apoio necessário para caminhar para uma época com o título no horizonte?

Totalmente. Desde o início que o clube colocou à minha disposição tudo o que fosse necessário e, dos jogadores que pedi, apenas um não conseguimos trazer para o MFC. Mas construímos um plantel com excelentes jogadores para todas as posições, não só os que chegaram agora, como também os que já cá estavam. Quanto às condições físicas, infelizmente o clube ainda não possui um pavilhão próprio, como acontece em quase todo o lado, mas é uma situação em que a direção tem trabalhado de forma incansável, pois é uma estrutura essencial para que o clube possa evoluir ainda mais. Mas não vai ser por falta de condições que iremos falhar os objetivos, bem pelo contrário.

O MFC teve três treinadores na últimas três épocas. Assume esta nova experiência com um pensamento a longo prazo?

Foi-me proposto um projeto a longo prazo e não apenas por uma época. Mas, até pelo noso nível semi-amador, qualquer treinador sabe que, se não conseguir atingir os seus objectivos, arriscasse a não permanecer no clube. Mas, da parte da direção, tenho recebido indicações de que este projeto é para ser trabalhado a longo prazo e é este, também, o meu pensamento.

Para 2010/2011 há um dado incontornável, que se prende com o garantir de uma vaga na Série Açores, algo que pode aumentar a competitividade da prova. Como perspectiva o próximo campeonato?

Apesar de disputar a 3.ª Divisão Nacional, fui acompanhando o campeonato na época passada e, na minha opinião, 2010/2011 vai ser uma época mais equilibrada na parte superior da classificação. Ou seja, na temporada passada existiu um grupo de quatro equipas a lutar pelo título, mas com um grande desfasamento pontual para o quinta classificado. Para este ano, estou convencido que vai haver cinco/seis equipas a lutar pelos quatro lugares disponíveis, até porque pode haver alguma evolução em equipas com menos experiência. Em termos qualitativos, vai haver uma melhoria. Claro que o campeonato se vai tornar mais difícil, mas isto também o torna mais interessante. Aliás, é importantíssimo que o campeonato seja deveras equilibrado, pois a subida para uma série superior é um salto grande e, se as equipas não estiverem englobadas numa competição interna forte, é muito mais complicado ser competitivo nesse grau superior.

SÉRIE AÇORES

De que forma a Série Açores pode fazer evoluir o futsal terceirense, em particular, e a própria modalidade a nível Açores?

Este assunto já foi muito discutido e, na minha modesta opinião, penso que vai ser bastante positivo. A Série Açores será equiparada a uma 3.ª divisão e isto vai permitir que as melhores equipas açorianas estejam a competir entre si, o que pode permitir uma subida do nível do futsal. Neste contexto, em vez de passarmos para uma 3.ª divisão, esta transição será feita de forma mais suave e equilibrada, passando-se a integrar uma competição nacional, é certo, mas com adversário de calibre muito idêntico. Claro que, uma hipotética subida à 2.ª Divisão, vai continuar a ser um salto tremendo, mas a própria Série Açores pode ajudar a atenuar estas diferenças.

Mesmo sendo uma série apenas com equipas açorianas, o nível será sempre superior e, acima de tudo, as responsabilidades, obrigações e logística serão muito maiores. Acha que os clubes terceirenses, de um modo geral, estão preparados para enfrentar este cenário?

Posso falar apenas dos clubes que conheço e, passando a Série Açores a uma competição nacional, é óbvio que exige uma organização muito maior, pois, caso contrário, as coisas não correm bem. O União Praiense, por exemplo, já tinha uma experiência na 3.ª Divisão e conhecia como funcionava. Estou convencido que os clubes se têm preparado e, pelo que analiso, tano o MFC como a Fonte Bastardo parecem ter uma estrutura para suportar uma competição deste tipo. Quanto às restantes coletividades, não conheço a sua realidade. Mas vejo as instituições mais organizadas e rodeadas de pessoas cada vez mais competentes.

Colocando a questão de outra forma, é possível afirmar que o futsal terceirense já atingiu um estado de maturação suficiente para se abalançar para uma Série Açores?

A nível sénior, penso que sim. Comecei a jogar futsal na Terceira e, de ano para ano, o salto qualitativo tem sido evidente. Há mais qualidade, mais organização e as equipas já jogam futsal, em vez de praticarem futebol num campo de futsal. Parece-me que a questão da logística é a mais importante. Além do mais, é crucial o investimento, pois os clubes têm de ter os apoios suficientes para conseguirem dar resposta adequada."

"Aproveitar a formação"

O MFC apresentou recentemente a 2.ª edição do projeto "Matraquilhos...para além do futsal", documento que destaca a importância da juventude enquanto sustentação do futuro da coletividade. Vai ser possível fazer da formação uma verdadeira fonte de alimentação do plantel sénior?

Sempre tentei relacionar o trabalho junto dos escalões de formação com aquilo que se faz no plantel sénior, que é fundamental para que os jovens possam, um dia mais tarde, consumar a desejada transição. No MFC, não vou fazer um acompanhamento direto dos escalões de formação, pois cada um deles tem o seu próprio treinador, mas estarei muito próximo e já estão estabelecidas reuniões semanais e quinzenais para que o trabalho seja uniforme. É evidente que é uma incógnita se, no futuro, iremos ter um grande aproveitamento dos atletas das camadas jovens. Espero, acima de tudo, que se consiga aproveitar o máximo possível, mas existem muitas variáveis. Mas o clube está a trabalhar de uma forma muito boa nesta área.

Sem comentários: