terça-feira, 16 de julho de 2013

Entrevista ao Nuno Vieira para o blog Futsal 9 Ilhas de Eládio Terra.

Fonte: www.futsal9ilhas.blogspot.com

À Conversa com .. Nuno Vieira

Estivemos à conversa com Nuno Vieira, técnico do Matraquilhos FC, que nos falou do balanço da época passada, da passagem da formação terceirense na 2ª Divisão Nacional e do que podemos esperar dos mesmos na Série Açores.

Que balanço faz do Campeonato realizado pela sua equipa na época transacta ?

Encaro a nossa participação sob duas perspectiva distintas. No campo desportivo falhámos claramente os nossos objectivos desportivos que eram manter-mo-nos na 2.ª Divisão Nacional. No que se refere à evolução da equipa e de todos os que trabalharam de perto nesta realidade competitiva, foi claramente um ano de evolução, pois fomos sujeitos a dificuldades superiores e isso fez-nos crescer.

Considero igualmente, que representámos de uma forma digna o nosso Futsal e tenho a certeza que o futsalista açoriano poderá evoluir com a nossa participação.
Aproveito a oportunidade para dar uma palavra de apreço às pessoas que acompanharam o Matraquilhos do princípio ao fim, porque quando se ganha é fácil aparecer e os matraquilhenses não se esconderam; mesmo nas derrotas demonstraram o carinho que têm pela equipa e pelos jogadores. O seu desportivismo e forma de estar única foi devidamente reconhecida por adversários históricos na modalidade e isso é de valorizar, para mim são Verdadeiros Campeões na dedicação, são o nosso 6º jogador.

O que achou da experiência na segunda divisão ? O “badalado fosso” é assim tão grande ?

Como referi anteriormente foi claramente um ano de evolução pelo que, costumo afirmar,  “Crescemos na Dificuldade”. Foi a nossa primeira participação na 2.ª Divisão, desde o clube, os dirigentes, os treinadores, os atletas e do próprio público terceirense, pelo que toda a toda a estrutura do MFC sabia que iria ter um ano de exigência mas, a ambição de nos adaptarmos e lutar pela possibilidade de permanecer a este nível culminou numa época de crescimento individual e colectivo - apesar de desportivamente termos falhado, o que é sempre difícil de digerir.

Relativamente às diferenças competitivas, são evidentes porque as equipas deste nível já revelam maturidade e consistência em todos os momentos do jogo. Individualmente, encontrámos futsalistas com capacidade de resolver jogos dum momento para o outro, o que dificultou o nosso jogo, contudo mantivemo-nos fiéis à nossa identidade e encarámos todos os jogos com vontade de vencer e isso permitiu o que referi anteriormente. Sou um treinador açoriano e valorizo o crescimento do nosso futsalista. Acredito que se trabalharmos bem nos escalões de formação, teremos no futuro a capacidade competitiva que permita aos Açores ter mais que uma ou duas equipas neste nível.

Qual a principal razão para a descida ?

Faltaram pontos suficientes (risos). A nossa principal dificuldade foi evoluir competindo, porque compete-se para somar pontos.

A inexperiência no nível competitivo foi claramente um dos grandes factores, e tenho que assumir que tem que haver maior evolução nos diversos factores de rendimento de uma equipa, como no técnico-táctico e no psicológico, já que a nível físico estávamos num patamar idêntico.

O Futsal é uma modalidade de emoções intensas e de diferentes contextos de jogo, com grande variabilidade, pelo que os nossos futsalistas antes de quererem ganhar, terão de querer evoluir e isso exige mentalidade de treino e competição.

Foi o primeiro treinador Açoriano a atingir a segunda divisão. Acha que existe competência na região para outros seguirem o seu caminho ?

Ser o primeiro não significa, ser o único. Tive a possibilidade de participar na 2.ª Divisão e agradeço ao Matraquilhos a oportunidade que me deu, mesmo com resultados negativos. Não senti o meu trabalho técnico colocado em causa e isso só com uma estrutura coesa se consegue. Os dirigentes do MFC, apesar de ambiciosos, são realistas e a estabilidade que me transmitiram não se encontra todos os dias, porque o desporto vive de resultados - estou grato por isso e consciente que dei o meu melhor para a evolução colectiva e individual dos meus atletas e do clube em si.

No que se refere à competência dos treinadores, acredito e acima de tudo valorizo o treinador açoriano. Actualmente o nível de informação é mais aberto e vejo muitos treinadores com vontade de evoluir e apresentar equipas competitivas. Para mim, mais que importantes são fundamentais para a evolução da modalidade na região. Temos de estar unidos e colocar a modalidade Futsal em primeiro lugar. Ser adversário, não significa ser inimigo. Para o Futsal e pelo Futsal deverá ser, na minha perspectiva a mentalidade dos treinadores.

Relativamente à próxima época, como está a ser planeada ?

Treinador não tem férias (risos). Estamos a trabalhar na próxima época de forma a reunir as condições para fazer um bom trabalho e dar continuidade à evolução que pretendemos do projecto desportivo MFC. O nosso planeamento segue uma metodologia que temos definida e sempre numa perspectiva de melhoria contínua. O facto de a série açores apenas começar em Janeiro 2014 coloca algumas dificuldades, mas teremos de nos adaptar e isso não pode ser a justificação para não trabalharmos no limite das nossas capacidades.

Tem o plantel fechado ? É o desejado ?

Uma das aprendizagens que tive na época passada é que dizer que o plantel está fechado é muito subjectivo e relativo na nossa realidade desportiva. Contudo, felizmente à partida o plantel está de momento definido e confio no valor individual do meu grupo. Tentarei fazer deles uma equipa ambiciosa, competitiva e focada naquilo que são os objectivos do Matraquilhos.

Toda a gente aponta o Matraquilhos como o principal candidato. Sente-se como tal ?

Pela minha experiência desportiva, qualquer equipa que desce é “obrigatoriamente candidata”, pelo menos é esta a forma como os adversários encaram e é esse o rótulo que já nos estão a colocar mesmo antes da época começar. Mas temos que considerar que este será o ano mais difícil para a nossa colectividade, pois existe uma grande qualidade por parte de outras equipas, o nível competitivo aumentou na última época e a rivalidade será claramente um aspecto a ter em conta.

Claro que temos objectivos definidos, e o meu papel será manter o meu grupo focado no seu próprio trabalho, abstraí-lo da pressão exterior (porque será certamente uma das estratégias adversárias, e que já é sentida nesta fase de transição de época) e conduzi-lo à melhor classificação possível, mas considero prematuro apontar candidatos.

Uma mensagem aos leitores do nosso blog.

Felicito o Futsal 9 Ilhas pela promoção e divulgação constante do Futsal, e o Eládio Terra em particular por ser o autor de um blog de referência na modalidade e que contribui de forma activa para a sua evolução. É claramente mais um meio de evidenciar aos apaixonados pelo Futsal e ao público em geral o percurso das equipas açorianas nesta modalidade, que pode continuar a crescer em quantidade e qualidade.

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