domingo, 28 de outubro de 2012

"Defender e Evoluir" - Nuno Cardoso, Capitão do Matraquilhos

Diário insular
REPORTAGEM

LUÍS ALMEIDA
FOTOGRAFIAPEDRO ALVES

NUNO CARDOSO

DEFENDER
E EVOLUIR


São grandes as responsabilidades de Nuno Cardoso. É dele a tarefa de defender com unhas e dentes a baliza do Matraquilhos Futebol Clube no Nacional da 2.ª Divisão de Futsal, dando o corpo ao manifesto e mostrando eficácia mesmo quando o resultado, por esta ou aquela razão, não satisfaz. Mas, aos 23 anos, é também ele que carrega "o peso" da braçadeira de capitão, num conjunto que somou mil e uma vitórias em tantos e tantos troféus. Os tempos atuais são mais duros. Mas, garante, há uma palavra que define este projeto: crença.
Nuno Cardoso nasceu nos Estados Unidos da América, mas é terceirense há muito. Mudou-se de malas e bagagens para os Biscoitos com apenas quatro primaveras, concluiu a licenciatura em Energias Renováveis na Universidade dos Açores e, pelo meio, foi fazendo do desporto um espaço de aprendizagem. O andebol foi a primeira paixão, modalidade rainha nos Biscoitos. Iniciou-se aos oito anos e, durante 13 épocas, saboreou alguns títulos regionais, além de presenças regulares na Seleção Açores em 2004. "Grande parte da formação que tive no andebol ajudou-me a ser aquilo que sou hoje, pois vivi muitas experiências e, apesar das dificuldades que fui tendo, aprendi a dar valor ao trabalho, humildade e respeito, oferecendo o meu melhor em prol do coletivo", recorda Nuno Cardoso.

"De forma séria", o futsal aparece em 2006, isto depois de uma passagem pelo futebol, embora sem grande sucesso. A opção pela baliza é quase um cliché: "fui guarda-redes da forma mais tradicional que conheço, pois ia com os meus amigos jogar futsal e, como nunca fui muito bom jogador de campo, fui relegado para a baliza. A verdade é que as coisas correram bem e, em novembro de 2006, surgiu a possibilidade de ingressar na equipa de futsal dos Biscoitos. Fui, gostei e fiquei".

Durante seis anos consecutivos conciliou o andebol com o futsal e, garante, "a vontade de treinar era sempre maior do que tudo". "É uma questão de comprometimento", atira. Nota curiosa: no andebol sempre atuou como jogador de campo, já no futsal "transferiu-se" para a baliza.
Fixa-se no futsal com o aparecimento da primeira edição da Série Açores. A escolha foi fácil: "é nesta modalidade que me sinto mais à vontade e a que mais prazer me dá neste momento". Permaneceu três anos na equipa dos Biscoitos, "com muito orgulho, pois sempre apostaram em mim a 100% desde o primeiro dia. A minha evolução como guarda-redes deve-se aos meus colegas dos torneios de verão. Alguns são hoje meus colegas de equipa e outros seguiram rumos diferentes, mas todos eles sabem que a nossa força era o coletivo", refere o guardião do MFC.

A aventura no Matraquilhos começa em 2009. Vai entrar na quarta época ao serviço do clube da Terra Chã e confessa estar no sítio mais indicado para evoluir. "É de louvar o que esta equipa faz diariamente por mim e por qualquer outro jogador, desde os escalões de formação até aos seniores. Conforme foi noticiado pela comunicação social, o Matraquilhos acaba de ser declarado coletividade de utilidade pública, projeto no qual acredito. É uma honra defender as cores deste clube", frisa.

Percurso feito de títulos, como a conquista da Série Açores da 3.ª Divisão Nacional. "Num campeonato com 18 jogos, obtivemos 17 vitórias e um empate. É um feito que será quase impossível de igualar. Mas isto foi fruto de muito esforço e sem dúvida que tenho de destacar o grande trabalho do treinador Nuno Vieira durante toda a época. Foi preciso ter um coletivo muito forte e dou-lhe todo o mérito por isso. Apesar de ser um treinador jovem, admiro muito a sua capacidade de trabalho. A sua evolução como treinador influencia-me a evoluir também como guarda-redes", recorda.

Olha para o seu papel no MFC com os olhos postos no futuro, mas também não esquece as bases que sustentam o clube. "Sou uma pessoa que se identifica muito com o projeto do Matraquilhos e tenho orgulho em pertencer a esta família. Quando vemos uma direção a trabalhar diariamente para que os jogadores tenham as melhores condições possíveis, quando chegamos aos jogos e vemos uma claque numerosa a puxar por nós, qualquer um sentiria orgulho em ser Matraquilho", sustenta.

Encara a estreia na 2.ª Divisão de futsal como um "desafio aliciante", mas coloca importância redobrada na evolução. "Somos um grupo forte e com capacidade para alcançar os objetivos, apesar de ainda estarmos numa fase de adaptação a esta nova realidade. Qualquer um de nós deverá aproveitar esta experiência para evoluir", explica. Pensa o futuro "num passo de cada vez" e deixa a garantia: "de mim poderão esperar sempre dedicação, trabalho, concentração e amor à modalidade". A terminar, um agradecimento: "à minha família, aos meus amigos e, em especial, à minha namorada, pois são eles a minha força para continuar".

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