quinta-feira, 21 de março de 2013

"Futsal feminino discriminado nos Açores"

Diário Insula | Desporto | Futsal | António Alves (Posto Santo) | 21.MAR.13

ANTÓNIO ALVES, COORDENADOR DESPORTIVO DO CDCC POSTO SANTO

Futsal feminino
discriminado nos Açores

AO CONTRÁRIO DO QUE SUCEDEU NAS ÉPOCAS ANTERIORES, O CAMPEÃO AÇORIANO DE FUTSAL FEMININO 2012/13, ESCALÃO DE SENIORES, TÍTULO QUE SE DISCUTE ESTE FIM DE SEMANA NO FAIAL, ENTRE POSTO SANTO, SANTA CLARA E FETEIRA, NÃO TERÁ ACESSO À PROVA NACIONAL. É, DIGAMOS, UM PASSO ATRÁS NA AFIRMAÇÃO DO FUTSAL EM PARTICULAR E DO DESPORTO FEMININO EM GERAL?

É, acima de tudo, uma oportunidade perdida para o futsal e para o desporto feminino. Ainda não sabemos quem será o campeão regional, mas esta decisão é deveras injusta, levando em linha de conta o trabalho que os clubes têm desenvolvido. As equipas estão cada vez mais competitivas e organizadas, o que se percebe pelo equilíbrio patenteado nos resultados. Por exemplo, nos últimos anos o Posto Santo ganhou o campeonato de ilha com o mesmo número de pontos do Marítimos, um clube que, tal como tantos outros na Região, tem apostado de uma forma séria no futsal feminino.

A situação presente é mais uma discriminação para o desporto feminino, até porque esta temporada, em virtude da reformulação dos quadros competitivos, o campeão açoriano teria entrada direta no Campeonato Nacional da Primeira Divisão. Compreendo que o desporto não podia passar ao lado da crise vigente, daí que os cortes fossem inevitáveis; agora, sobretudo ao nível associativo, entendo que terá havido alguma falta de senso no modo como se procedeu à generalidade dos cortes.

Por outro lado, julgo que faltou diálogo e interação entre os clubes e as associações, pois o facto de os cortes se fazerem sentir sobretudo no futsal e nos escalões de formação não é nada benéfico para o almejado e tão apregoado desenvolvimento desportivo regional.

É ingrato, contraproducente e extremamente injusto privar as equipas de disputarem as fases finais nacionais, daí que se justifique uma programação diferente por parte de quem dirige o desporto regional.

EM SUMA, NÃO QUESTIONA OS CORTES, MAS SIM O CRITÉRIO ADOTADO PELAS ASSOCIAÇÕES DE FUTEBOL DA REGIÃO?

Sim, embora reconheça que existem bons dirigentes, nomeadamente na Associação de Futebol de Angra do Heroísmo - que é aquela em que estamos filiados. Entre outros, o Roldão Duarte, vice-presidente associativo para o futsal, é uma pessoa altamente qualificada para o cargo. O que se pode, eventualmente, questionar é a sua autonomia dentro da estrutura em que se encontra inserido.

A ideia que transparece é que há processos que não foram devidamente preparados e, consequentemente, resolvidos à pressa. Creio que estamos a perder excelentes oportunidades de afirmação e, como se costuma dizer, "o comboio não passa duas vezes". Não se pode sustentar a ideia de que o futebol é adversário do futsal e vice-versa. São modalidades distintas, mas que se complementam. Como tal, é preciso implementar medidas que defendam os interesses de ambas, quiçá, cortando em outras áreas menos determinantes.

Curiosamente, na temporada em curso os escalões jovens passaram a pagar as respetivas inscrições, o que torna ainda mais inexplicável o afastamento das provas nacionais. Isto numa Região que tem na formação uma verdadeira bandeira.

QUAL É, NA SUA PERSPETIVA, A MELHOR FORMA DE ULTRAPASSAR O CENÁRIO ATUAL?

Diálogo entre todos os agentes desportivos e bom senso de quem dirige. Lembro que a questão do excesso de viagens ao continente das equipas jovens de futebol foi resolvida a contento de todas as partes. É este princípio que deve prevalecer em todas as situações e modalidades. Os cortes, por si só, não explicam tudo.

Sem comentários: