sábado, 22 de dezembro de 2007

"Em defesa do Matraquilhos"

Fonte: Diário Insular, 22 Dezembro 2007

A si, Sr. José Garcia, deixe-me que lhe diga que assumo os meus erros e, internamente, já analisámos estes acontecimentos, ficando desde já a promessa de que não se repetirão. Por ser o treinador, reconheço que exagerei nos protestos, tal como outros elementos do banco, daí que, como acima referi, a expulsão tenha sido justíssima. E assumo-o com a necessária elevação.

PAULO VIEIRA (*)

Uma coisa é relatar-se um facto, descrevendo-o com isenção e rigor, sem sobrevalorizar a importância do mesmo. Outra totalmente diferente é aproveitá-lo para denegrir, maldizer ou incriminar alguém. Não sei se terá sido esta a intenção, mas a verdade é que senti que a minha imagem ficou altamente denegrida pela forma quase caluniosa como o Sr. José Garcia abordou os acontecimentos do jogo Biscoitos - Matraquilhos, válido para 11.ª jornada do Campeonato da Ilha Terceira de Futsal, em crónica inserida na edição de 19 de Dezembro deste prestigiado jornal.

É, na minha opinião, um enorme exagero a carga negativa que o cronista atribui à justa expulsão de que fui alvo por volta do minuto 44 da referida partida, oferecendo-me gratuitamente um rótulo de indisciplinado que, muito sinceramente, jamais fiz por merecer. A importância dada ao acto é um exagero que, de facto, não consigo compreender, para mais vindo de alguém que, penso, pretende "dignificar a própria modalidade", isto para utilizar as palavras do dito articulista. A forma como esta situação é tratada na supracitada crónica, com algumas inverdades pelo meio, roça quase o ataque pessoal, com referências menos dignas à minha pessoa no princípio, no meio e no fim do artigo, como se tivesse sido este o motivo de maior interesse num encontro bem disputado, intenso e emotivo.

A si, Sr. José Garcia, deixe-me que lhe diga que assumo os meus erros e, internamente já analisámos estes acontecimentos, ficando desde já a promessa de que não se repetirão. Por ser o treinador, reconheço que exagerei nos protestos, tal como outros elementos do banco, daí que, como acima referi, a expulsão tenha sido justíssima. E assumo-o com a necessária elevação. A mesma elevação com que cumprimentei os árbitros nesse mesmo momento e no final do jogo. A mesma elevação com que comandei os meus jogadores da bancada, ao contrário da descrição menos correcta propagada no seu artigo.

A verdade é que se tratou de um golo esquisito, praticamente marcado com a mão, num lance que, em nossa opinião, não foi ajuizado. Também é verdade que isto não justifica o meu acto, por isso assumo o erro.
Mas não queira fazer de mim um "arruaceiro", denegrindo, por tabela, a instituição que represento com gigantesco orgulho e dedicação. O Matraquilhos Futebol Clube ainda agora começou a dar os primeiros passos, mas todos têm aplaudido a nossa prestação no campeonato, onde somos, sem sombra de dúvida, a surpresa da prova, não só pela classificação, como pela qualidade do futsal que praticamos. Isto sem esquecer a nossa animosa claque que, pelo fair-play que apresenta, tem merecido os mais rasgados elogios. Temos sido uma equipa correcta, empenhada, humilde e que tem enfrentado os desafios com seriedade. A imagem de indisciplina que tentou fazer passar é falsa.

Confesso que cheguei a ficar revoltado com o que li, mas, em defesa do Matraquilhos, apenas lhe digo que eu, os meus jogadores e a direcção iremos continuar a trabalhar para que este projecto tenha sucesso, de acordo com linhas orientadoras bem definidas.

Finalizando - e para voltar a utilizar as suas palavras - apenas lhe relembro que as "cenas lamentáveis" e "comportamentos menos apropriados" aconteceram, isto sim, em outras ocasiões, com acontecimentos muito mais condenáveis e graves, alguns dos quais a chegarem a "vias de facto". Será que fui o primeiro treinador a ser expulso?

(*) Treinador do Matraquilhos Futebol Clube

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